O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi. EFE/Arquivo/Jorge Jerónimo

Irã desmente sua missão na ONU e diz que não negociará programa nuclear sob pressão

Teerã (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, disse nesta segunda-feira que não negociará com os Estados Unidos sob pressão e intimidação, depois que a missão iraniana na ONU afirmou que Teerã poderia considerar negociações sobre “a potencial militarização” de seu programa nuclear.

“O programa de energia nuclear do Irã sempre foi e continuará sendo inteiramente pacífico, então não há essencialmente nada que possa ser chamado de ‘potencial militarização’, escreveu Araqchi em sua conta oficial no X.

Horas antes, a Missão da República Islâmica do Irã nas Nações Unidas anunciou que Teerã poderia considerar negociações sobre a potencial militarização de seu programa nuclear, mas não seu desmantelamento total.

Dessa forma, Araqchi desmentiu a posição da embaixada iraniana na ONU e insistiu que seu país não negociará sob pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Não negociaremos sob pressão ou intimidação. Não vamos nem considerar, não importa qual seja o problema. Negociar é diferente de intimidar e dar ordens”, declarou.

O diplomata iraniano lembrou que o Irã está mantendo negociações em Genebra com Reino Unido, Alemanha e França para “explorar maneiras de gerar mais confiança e mais transparência em nosso programa de energia nuclear em troca do levantamento de sanções ilegais”.

Além disso, destacou que mantém contatos sobre o assunto com a China e a Rússia baseados no respeito mútuo.

“No ado, os Estados Unidos desfrutavam do respeito do Irã quando se mostravam respeitosos em seu discurso, e o confrontavam quando adotavam uma postura ameaçadora”, considerou.

Trump anunciou na sexta-feira que havia enviado uma carta ao Irã pedindo que o país negociasse e fez referências veladas a uma possível ação militar.

O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, rechaçou no sábado a possibilidade de negociar com países “arrogantes” que insistem em tais conversas, em uma aparente referência à oferta de Trump.

Desde que voltou ao poder, Trump restabeleceu a chamada política de “pressão máxima” contra o Irã e aprovou novas sanções para cortar a venda de petróleo iraniano.

Em 2018, em seu primeiro mandato, o republicano abandonou o pacto nuclear de 2015, assinado entre o Irã e seis potências e que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções.

Desde a retirada dos EUA do acordo nuclear, o Irã enriqueceu urânio muito além do nível permitido e agora tem 274 quilos enriquecidos com 60% de pureza, perto dos 90% necessários para uso militar, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). EFE